segunda-feira, 23 de maio de 2011

Barack Obama em Dublin

Na semana passada, eu vi a rainha da Inglaterra. Hoje, vi o presidente dos EUA, Barack Obama. Tô chique, não? Ahaha. Ou melhor, eu só ouvi o Obama e vi depois o carro dele passar. Isso, em parte, por culpa da falta de organização do evento. O presidente dos EUA chegou esta manhã na ilha para uma visita de seis dias pelo continente europeu. Nesta terça, parte para Inglaterra.
Primeiro, Obama visitou Moneygall, vilarejo no interior da Irlanda, onde nasceu um dos seus antepassados. Pela tarde, houve esse ato público, na College Green, ali para os lados do Trinity College. O povo podia ficar pela rua, mas, pasmem: só havia uma única entrada, um único acesso e muito mal divulgado. Eu havia lido nos jornais, então até tinha ideia de onde seria (mas os periódicos daqui nunca oferecem muito "serviço" dos eventos. Aquele famoso infográfico do Brasil mostrando a rua, o palco, onde acessar, etc, nem pensar!). Só que o acesso não era extamente por aquela rua que o jornal informava (era outra ao lado). E não havia nenhuma placa em lugar algum orientando para onde ir. Em cada esquina, você encontrava dezenas de pessoas caminhando em todas as direções, tentando saber para onde ir. Eu e o Vitor, baiano de Salvador, entramos em várias ruas até descobrir a certa. E não tente perguntar informações à Polícia (a Garda), ou são mal educados e nem respondem ou não sabem.
Finalmente, chegamos no lugar era possível ter acesso à rua. Só que você tinha que esperar a Garda liberar um grupo para entrar. Quando acessamos a primeira "sala de espera", aguardamos por mais de uma hora. Só então, soubemos que era proibido entrar com mochilas. Nós dois estávamos com mochilas (eu tinha saído direto da escola para lá). Como vi várias pessoas que também carregavam esse tipo de bolsa, fui perguntar para um guarda: mochilas são permitidas? Ele me respondeu que sim. Ai, meu Deus! Quanta desinformação! O alto-falante diz que não, o guarda diz que sim. Well, os caras de um hotel ali na rua nos ofereceram, por três euros, guardar as mochilas lá. Pensei: ih, será que vão roubar minhas coisas? Só que eu tinha muita tralha na bolsa (não dava para levar tudo na mão) e voltar para casa estava fora de cogitação (muito longe e já estava quase na hora do evento). Well, tirei celular, chaves, dinheiro, máquina fotógrafica e minha mochila ficou no hotel.
Passamos pelo primeiro cercadinho. Tinha que esperar em outro. Dpois, em mais outro. Só que o louco era o seguinte: ninguém te revistava para passar. E quando abria, os guardas continuavam formando uma barreira humana que só permitia que uma pessoa passasse por vez entre dois deles. Finalmente, chegava-se ao ponto da revista. Só então painéis informavam que bebidas, comidas, carrinhos de bebês, sombrinhas e mochilas eram proibidas. Detalhe: bolsas de mulher eram permitidas e não eram revistadas. Então, você pode colocar uma bomba numa bolsa, mas não numa mochila (fica a dica, terroristas!). Bem legal. Ao lado desse ponto, pilhas de mochilas, sombrinhas e garrafas, perfumes, desodorantes abandonados. Como já tava em cima do horário, não fomos revistados. E tinha muita gente entrou de mochila numa boa. O IRA ou algum grupo extremista só não fez um atentado na visita da rainha ou do Obama porque não quis. Tinha milhões de policiais por tudo, todas as ruas estavam trancadas alterando a vida de quem estuda ou trabalha, mas você passaria tranquilamente com uma bomba se quisesse.
Bom, entramos na College Green. Quando eu havia lido sobre o endereço do discurso do Obama, pensei: vão montar o palco no meio da rua, em frente à faculdade. Beleza. Mas, não, o palco ficava na sede do Bank of Ireland (não na frente, no vão, dentro do prédio). É uma construção que fica na esquina no início da rua. Ou seja, somente quem estava exatamente em frente ao banco conseguia ver Obama. Quem estava logo atrás, em frente ao segundo prédio da rua não conseguia enxergá-lo se não fosse pelos telões. O som também estava bem do ruinzinho, com ecos. Ah, e não sei porque, a rua não estava tomada pela multidão. Entre cada grupo de pessoas, havia um espaço vazio, separado por grades de ferro. Entendem? Um pouco de multidão, grade, um baita espaço vazio, grade, mais um pouco de povo, grade, espaço vazio... Quando acabou o evento, descobri que poderíamos ter ficado muito mais perto, já que havia três destes "vácuos" entre o lugar onde estávamos (que era consideravelmente perto do banco) e o palco.
Obama estava acompanhado pela mulher Michelle - chiquérrima, mesmo com o eterno vento irlandês que insistia em levantar sua capa e seu vestido. O seu discurso foi naquelas de relembrar o seu sangue irlandês, de dizer que os EUA é uma nação de imigrantes, formada também pelos irlandeses, e de levantar o ânimo do povo, dizendo que melhores tempos virão (vide crise econômica). Muito simpático como sempre, Obama desceu do palco, ao final do discurso, cumprimentou pessoas na multidão, pegou bebê no colo e, o mais engraçado, atendeu o celular que alguém do público passou naquelas "mãe, vou te passar o Obama". Ahaha.
Só para encerrar a história: sim, a mochila estava lá no hotel sã e salva (ahaha. Brasileiro sempre é desconfiado. Temos uma malícia que o europeu não tem). Ah, e na saída, tinha muita gente procurando entre as mochilas e pertences abandonados se havia algo aproveitável. Ahaha.
Segundo li na internet, 30 mil pessoas foram ouvir o discurso do Obama. Mas, sério, nunca tinha visto um evento tão desorganizado. Totalmente desnecessário ficar segurando as pessoas para entrar, idiota o lugar do palco. E depois dizem que aqui é primeiro mundo...Como falou o Vitor: "vem para o Carnaval de Salvador, que eu te ensino como é lidar com multidão." Ahaha.
Veja fotos: https://picasaweb.google.com/101126651209934567449/Dublin23052011#
Assista vídeo com trecho do discurso de Obama (só para sentir o clima): http://www.youtube.com/watch?v=bDAAxHqKCcw

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