quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sobre deixar de ser uma cidadã irlandesa

Quando cheguei na Irlanda, tive que cumprir a mesma saga de todo não-europeu que desembarca aqui. Me tornar uma cidadã irlandesa. Agora, desfaço esses passos, para deixar de existir como tal. Hoje, fui no banco fechar a minha conta. Também liguei para um cara que faz transfer para o aeroporto (meu voo é de madrugada. Não seria muito legal ir sozinha, na escuridão, procurar um ônibus com duas malas).Quando faltava um mês para deixar Dublin, eu anunciei minha vaga no apartamento em sites de classificados de imóveis. Sim, porque uma obrigação de quem divide casa com outras pessoas na Irlanda é achar alguém para seu lugar. Até para ter o dinheiro do depósito de volta. Quando se aluga um imóvel, deve-se deixar uma quantia como depósito (normalmente, o mesmo valor do aluguel). O proprietário devolve quando o imóvel for entregue (se estiver em boas condições). Como o pessoal sai e entra a toda hora, quem está indo embora deve achar alguém para ficar em seu lugar e cobrar dessa pessoa o depósito para não ficar no prejuízo. Eu tive sorte. A primeira pessoa que me escreveu um email, respondendo ao anúncio, ficou com o apartamento. E eu não vou conhecê-la pessoalmente. Acredite. Facilidades da internet. É uma alemã, que me pareceu muito gente boa. A gente combinou tudo por email ou pelo Facebook. A princípio, ela chegaria um dia antes de eu partir. Mas, teve que adiar a viagem por uns dias, o que fará que não nos encontremos. A alemã me mandou o dinheiro do depósito e do aluguel (que eu já tinha pago adiantado) por transferência bancária e já acertamos para uma das minhas colegas de apartamento entregar as chaves para ela.
Assim, minha vida aqui começa a ser apagada. Sei que não estou indo para forca. Só vou voltar para o Brasil. Para minha casa de antes, para meu emprego de antes. Territórios conhecidos. Mas, não sei explicar por que, a agonia que sinto agora é muito maior do que o nervoso que senti antes de embarcar no Brasil para vir para a Irlanda, terra inexplorada para mim até então. Alguns amigos que já passaram por experiência semelhante me disseram: "o pior é sempre a volta". É louco, mas é verdade. Reacostumar-se com sua vida pode ser mais difícil do que se acostumar com uma nova.
Acho que é sempre inevitável a pergunta, quando chega essa hora: devo renovar meu visto? Segue-se a isso uma balança com sua vida no Brasil e o que foi construído na terra estrangeira nos últimos meses. Difícil.
Andando pela rua em Dublin nos últimos dias, às vezes, me dá uma vontade de chorar. Não é força de expressão. Digo isso no sentido literal. A garganta embarga ao olhar o rio Liffey e pensar que não estarei  andando ao longo dele ao entardecer da próxima segunda-feira. Vou estar a 10 mil quilômetros de distância.
Como um rito de passagem, vou desfazendo os meus passos por aqui. Deixando de existir como uma cidadã irlandesa. Não é a forca, mas não deixa de ser uma espécie de morte. Como toda partida, triste. Como toda partida, uma lição. De vida.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Seis meses em 2m43s


Seis meses em 2 minutos e 43 segundos. Minhas fotos da Europa.
Volto ao Brasil no domingo. O que eu faço com esse aperto no meu peito que me diz "não vai"?
Claro que estou com saudades dos amigos, da família. Mas as partidas sempre são tristes.


P.S. Ou clica aqui para ver em uma tela maior: http://www.youtube.com/watch?v=BJvAqEHucpQ&feature=youtube_gdata

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dicas de viagem na Itália (Roma, Veneza e Florença): como usar trem, onde se hospedar, etc


Resolvi reunir algumas dicas de como viajar pela Itália, especialmente para Roma, Veneza e Florença.
Bom, se você for com a Ryanair, vai pousar no aeroporto de Ciampino, que é secundário (o principal aeroporto de Roma é Fiumicino). De Ciampino, tem dois jeitos de chegar ao Centro: ou com transporte público ou com ônibus de uma empresa privada. No público, você pega um ônibus da Cotral saindo do aeroporto e vai até o metrô de Anagnina. De lá, pega o metrô linha A até Termini. Os dois tickets saem por 2,4 euros e a viagem vai levar cerca de uma hora e meia. Indo com o ônibus da empresa Terravision, você paga quatro euros (one way ticket) e para direto em Termini, numa jornada de uns 40 minutos (ou seja, dá para economizar tempo).
Ainda sobre transporte: em Roma, só tem duas linhas de metrô e que não atendem toda a cidade. Isso porque como Roma é cheia de catacumbas e tesouros arqueológicos no subsolo, não dá para ficar escavando. Mas o ônibus urbano custa só um euro e dá para chegar em qualquer canto.
Viajei de trem entre Roma, Veneza e Florença. Foi bem tranquilo. Se você quiser, dá para comprar o tíquete pela internet. Mas eu, sinceramente, acho que não tem necessidade. Dá para deixar para adquirir na hora. Na verdade, para garantir que eu conseguiria viajar no horário que eu queria, eu comprava no dia anterior, ao chegar na estação de trem, já pegava o da próxima viagem. Tem máquinas de auto-serviço (Biglietto Veloce) em todas as estações. Dá para escolher o idioma (inglês ou espanhol, se você não entender italiano) e é bem fácil de usar. A máquina dá troco de até 100 euros ou aceita cartão de crédito. Ao chegar na estação, confira nos painéis de que binário sairá seu trem, daí é só embarcar no vagão (carozza) determinado no bilhete. Ah, antes de entrar, lembre de convalidar o bilhete numa das máquinas laranjas junto aos binários (terminais). Se passar o fiscal e você não estiver com bilhete convalidado, paga multa.
Aliás, todo bilhete tem que ser convalidado na Itália. Nos ônibus, tem uma máquina. Até antes de entrar no Vaporetto (o barco-ônibus em Veneza) tem que convalidar o bilhete.
Voltando ao trem: existem trens regionais, que são mais lentos e mais baratos, e trens rápidos e mais caros (Freccia). Por exemplo, entre Roma e Veneza, o trem comum demora sete horas e custa 40,50 euros. Já o Freccia demora três horas e meia e custa 76 euros o bilhete de segunda classe (eu viajei na segunda classe, é bem tranquilo). Nessa viagem, entre Roma e Veneza, tem diversas paradas no caminho, como Pádua, Rovedo, Bolonha, entre outras. Entre duas cidades que são perto só há trens regionais, mas aí o precinho é super camarada. Por exemplo, para ir de Florença para Pisa dá uma hora e custa 5,90 euros.
Na hora de escolher sua estação, esteja atento porque algumas cidades grandes têm mais de uma. Em Roma, a estação central é Termini. Em Florença, se chama Santa Maria Novella. Em Veneza, tem a estação Veneza Mestre, que fica no continente, e Veneza Santa Lúcia, que fica em Veneza ilha mesmo (ou seja, escolha Veneza Santa Lúcia).
Em Veneza (ilha) não entra carro ou motos. Então, o meio de transporte é o barco. O “ônibus” se chama Vaporetto e custa 6,50 euros por viagem. É vantagem comprar o tíquete válido por horas (como eu fiquei lá dois dias, comprei para 48 horas). Se você tiver até 31 anos, pode adquirir o cartão Rolling Venice e ter desconto na compra desse bilhete de Vaporetto e também em museus e outras atrações turísticas. O cartão é vendido nas bilheterias do Vaporetto mesmo. Ah, com o Vaporetto mesmo se vai até as outras ilhas, como Murano, Burano ou Torcello, e há linhas noturnas.
Onde se hospedar: em Roma, é bom ficar no Centro ou em Trastevere, daí dá para fazer tudo a pé. Mas junto à estação de Termini não é uma opção ruim. Já que de lá partem diversos ônibus, e também tem metrô, além de trens para outras cidades. Florença é bem pequena. Em qualquer lugar, será um bom lugar. Em Veneza, na ilha, é a mesma coisa (eu fiquei em San Polo, mas San Marco ou Canaregio tbm são bacanas). Só tenham um pouco de cuidado ao escolher hostel na Itália, porque como as cidades são muito antigas, então, tem muito prédio em péssimas condições. Muitas vezes, quando a propaganda diz “localizado num prédio histórico” pode significar “localizado num prédio caindo aos pedaços com chuveiros que não funcionam”. Recomendo muito o hostel Archi Rossi, em Florença, o melhor que já fiquei na Europa. Limpo, organizado, com banheiros para deficientes em todos os andares, com jantar vendido a um preço camarada, com água e comidinhas vendidas a preço de custo, computadores com internet rápida e de graça (tbm tem wireless de graça) e até uma fontezinha de água num jardim no pátio.
A Itália é cara, de um modo geral. Tem exceções, como o transporte público (ônibus em Roma a um euro). Porém, os hosteis são caros. Não se encontra um decente por menos de 30 euros por noite. A comida depende. Uma pizza (para uma pessoa) costuma sair por entre seis e 15 euros. Se optar por uma taça de vinho em restaurantes fica na faixa de três euros. Mas comprando em mercados, dá para achar por até de dois euros a garrafa.
Se você não fala italiano, não se preocupe. Nessas cidades turísticas, vendedores em lojas e mesmo o povo pelas ruas falam inglês ou espanhol.
A Itália, e especialmente Roma, tem fama de ser um dos lugares onde os turistas são mais furtados. Por isso, atenção aos seus pertences (mas, eu particularmente, não vi nada por lá. Achei Paris bem pior. Em Paris, eu encontrei várias pessoas que me contaram que tiveram a carteira furtada). Até ao comprar o bilhete de trem na máquina na Itália, a primeira tela é um aviso para ficar de olho na sua carteira enquanto adquire o tíquete. Outra fama negativa é a respeito dos taxistas. Eu não peguei táxi, mas todo mundo diz que eles sempre cobram preços exorbitantes de turistas. Então, é melhor se informar de quanto é o preço da corrida antes de embarcar.
No verão, a Itália é muito quente, passa dos 30ºC fácil, mesmo no Norte (o Sul, então, nem se fala). Agosto é o mês mais insuportável, segundo os romanos (ou seja, melhor não ir para lá nessa época, porque fica difícil andar na rua). Ah, tem fontes de água por todos os lados jorrando o tempo inteiro, e dá, sim, para tomar. Todas são de água potável e bem geladinha. Ou seja, encha sua garrafinha.
Ah, esse é o site do trem: http://www.trenitalia.com/ Como eu disse, não tem necessidade de comprar pela internet, mas dá para usá-lo para checar os horários.
Espero ter ajudado.

Florença: berço do Renascimento


De Veneza, fui de trem para Florença, na região da Toscana. A cidade é o berço do Renascimento. Então, se você gosta de arte, esse é lugar obrigatório. Algumas das maiores obras daquela época foram produzidas sob encomenda para igrejas ou praças locais.
A cidade é bem pequena. Então, em qualquer lugar que você ficar, estará bem localizado e conseguirá fazer tudo a pé. Eu fiquei num hostel ótimo (que tinha até jardim com fontezinha no pátio – o nome é Archi Rossi) perto da estação de trem e do Mercato Centrale. Aliás, o mercado deve ser visitado. Tem vinhos, frutas, queijos, carnes, pães, doces, bem baratinhos e gostosos. Ali, também fica o Mercado do Couro, onde centenas de barraquinhas vendem artigos em couro (cintos, jaquetas, bolsas, carteiras, etc) no meio da rua mesmo, junto com diversos outros souvenirs para turistas. Você poderá comprar, por exemplo, diversos modelos de Pinóquio (isso porque o criador da história, Carlo Lorenzini, nasceu em Florença). Junto ao mercado, tem a Basílica de San Lorenzo. Andando não mais do que cinco minutos se chega a Catedrale di Santa Maria di Fiori (onde fica Il Duomo) e ao Batistério. Para entrar na Catedral é de graça (mas, de novo, só de ombros cobertos e calça ou saia abaixo do joelho), mas para subir na cúpula tem que pagar oito euros. Para entrar no Batistério, são quatro euros.
Duas praças que merecem ser visitadas em Florença são a Praça da República e, especialmente, a Piazza della Signoria. Nesta última é onde ficam o Palácio Vecchio e diversas estátuas, incluindo uma cópia do David, de Michelangelo. Ali ao lado, fica a Galleria di Uffizi, com algumas das obras mais significativas do Renascimento em Florença. Dá para ver o Nascimento de Vênus e a Primavera, de Sandro Botticelli. Mas, para entrar na galeria, vá armado de paciência. A espera na fila é de duas horas. Isso porque eles só permitem a entrada de algumas pessoas por vez. O ingresso custa 11 euros. O mesmo preço se paga para poder ver a Galleria Dell’Academia (não muito longe). Mas lá a espera é menor. A Academia é pequena, mas vale porque é onde está o original do David, a estátua de Michelangelo. De mármore, com 5,17 metros, a obra é realmente perfeita. Dá para perceber as veias no braço, nas mãos, no pescoço do David. A estátua é monitorada por um sistema parecido com o que avalia atividade sísmica porque foram percebidas pequenas fissuras que podem fazê-la tombar.
Além do David, outro ponto que não pode faltar numa visita à Florença é a Ponte Vecchio, no Rio Arno. Cruzando o rio, você poderá chegar ao Piazzale Michelangelo, onde também há uma réplica do David (mas verde) e uma vista incrível da cidade (melhor do que a de Il Duomo, porque tem a vantagem de se poder ver o rio e a catedral – e de graça!). Se não estiver a fim de andar até lá, dá para pegar o ônibus 12 ou 13, que saem da Estação de Trem (Santa Maria Novella) e param exatamente no Piazzale. De lá, dá para admirar toda a beleza da Cidade das Artes.

Veneza: uma das cidades mais lindas do mundo


Minha segunda parada na Itália: Veneza, possivelmente, uma das cidades mais lindas do mundo. Isso porque ela é a única. Para começar, nada de carros ou motos. Só ruelas para pedestres ou canais para embarcações. Então, os ônibus e os táxis, claro, são barcos. Comprei o bilhete válido por dois dias para o Vaporetto (serviço de ônibus-aquático), o que te permite andar tranquilamente pelo canal e pelas ilhas de Veneza.
As ruazinhas de Veneza parecem aquelas de favela, complicadas, pequenas. Se você tiver como meta sair de um lugar para chegar em outro ponto da ilha pode ser bem difícil. Mas não se preocupe. O legal mesmo é se perder por lá, sem rumo, e descobrir novas e encantadoras paisagens. Absolutamente qualquer lugar de Veneza merece uma foto. Tudo é lindo. No final, você sempre vai encontrar o caminho porque a ilha é pequena. Ah, tem gente que diz que Veneza fede. Em algumas ruelas, dá para sentir um cheiro desagradável, sim, mas não é nada insuportável.
Veneza não tem tantos lugares obrigatoriamente turísticos. A Piazza de San Marco, claro, é um deles, onde tem aqueles pombos chatos aos milhares, a Basílica (também só entra com ombros cobertos e com calça ou saia abaixo do joelho), a Torre D’Orologio e o Palazzo Ducale. Ali pertinho fica a famosa Ponte dos Suspiros. No passado, ela ligava a cadeia ao lugar onde os prisioneiros eram executados. Então, os presos passavam por ela e viam Veneza pela última vez e davam um suspiro por saber que nunca mais poderiam andar pela cidade.
Outro ponto de visitação é a Ponte de Rialto (Veneza só tem três pontes ao longo de todo Grande Canal). Ali perto tem o Mercado de Rialto, onde se vende peixe fresco e umas frutas enormes. Vale a pena passear lá pela manhã. Por ali também ficam muitas barraquinhas de vender souvenirs para turistas (inclusive as máscaras, que custam na faixa de 15 euros). Eu fiquei hospedada nessa região, que é um lugar bem bacana.
Pela noite, é legal andar por Canaregio, região do Gheto, antigo ponto judeu. Por ali, achei uma lojinha que vende vinho por litro. Dá para comprar sauvignon, merlot e prosecco por 2,10 euros o litro (acredite!). Ah, você tem que levar sua garrafinha para encher.
Veneza fica na região do Vêneto, que tem um sotaque bem distinto do resto da Itália (e umas ideias separatistas). A ilha é apinhada de turistas, mas dá para encontrar com moradores pelas ruas, especialmente se você fugir um pouco da área mais central.
É bem fácil ir para as outras ilhas que pertencem à Veneza. Eu fui para Murano, famosa pela produção de vidro. Lá visitei o Museu do Vidro, que é pequeno, mas, se você gosta de arte, design, etc, dá para ficar impressionado vendo como, apesar da evolução da técnica, os objetos de vidros de mil anos atrás são parecidíssimos com os que você tem na sua prateleira em casa. Depois tomei um tempo para passar nas lojinhas que vendem bijous, artigos de decoração e outras coisas feitas de vidros (mas em todas tem, mais ou menos, as mesmas coisas e pelo mesmo preço. Pouca coisa é realmente exclusiva e, o pior: como carregar de volta na viagem algo tão frágil? Eu comprei só um brinco e uma pulseirinha).
Na sequencia, fui para Lido. Diferente de Murano, que é parecida com Veneza, Lido tem prédios e uma cara mais moderna. Em Lido tem praia, frequentada mais pelos locais, onde dá para alugar umas cabaninhas na beira-mar. A água é quente, mas a praia não é das mais bonitas. Lido é a sede do Festival Internacional de Cinema de Veneza (sim, é em Lido, não em Veneza exatamente). O Palazzo del Cinema fica a uma boa caminhada da estação de Vaporetto e, confesso, é bem feinho. Ahah. Mas fui lá para fazer uma foto onde, na semana anterior, tinham passado George Clooney, Keira Knightley, Matthew McConaughey, Kate Winslet, Matt Damon, Jude Law, Gwyneth Paltrow e Madonna, entre outros.
Para quem estiver a fim de conhecer, tem outras ilhas, como Burano ou Torcello, mas, na minha opinião, nenhuma supera a beleza de Veneza. Uma das cidades mais lindas e incríveis que já visitei.

Roma: encantora


 
Acabei de voltar da Itália, talvez a melhor viagem da minha vida (ok, concorre com a Espanha como a melhor, mas ainda acho que a Itália vem em primeiro lugar). Fui sozinha para Roma, Veneza e Florença. Viajei de trem entre elas e foi tudo muito tranquilo. A Itália no verão é quente, em torno dos 30ºC (em Dublin, já é quase inverno), e linda.
A comida é deliciosa. A pizza de massa sequinha é uma tentação (peça a feita na hora. A de taglio – pedaço - quebra o galho - mais barata -, mas é requentada). Eu amo sorvete. Todo dia, experimentei um gelato diferente (três bolas por dois euros!). E o vinho... às vezes, é mais barato comprar vinho do que água mineral (!). Prove todos, branco, tinto, prosecco. A Itália é um convite ao prazer da mesa.
Se isso já não fosse o suficiente, tem os monumentos, as praças, um clima meio mágico pelas ruelas estreitas. No meu primeiro dia em Roma, eu andei, andei, andei pelo Centro para conhecer as principais praças. Apesar de Roma ser uma cidade grande (com mais de 2,5 milhões de habitantes), praticamente todas as atrações turísticas ficam bem no Centro e dá para fazer tudo a pé. Eu fui andando até para o Vaticano. Ah, só um alerta para você andar por Roma: o sinal verde para os pedestres não quer dizer que os carros não passarão. Eles continuarão andando, mas devagar, porque a prioridade é do pedestre. Ou seja, atenção ao cruzar as vias. Mas, não se preocupe, os motoristas costumam respeitar os pedestres.
Pois então, andei pela Piazza de Chiesa Nueva, pela Piazza Navona (uma das mais famosas e com uma fonte linda), subi até o Ara Pacis, e a Piazza del Popolo. Daí para a Piazza Napoleone (Pincio), de onde se tem uma vista bem legal da Popolo. Continuei meu caminho pela Trinitá Dei Monti e Piazza Di Spagna (tome fôlego sentado nas escadarias). Na sequência fui na Fontana Di Trevi. Óbvio que joguei minha moedinha (duas , na verdade) para garantir meu retorno à Roma (essa é a lenda, ao menos). A maioria das grandes fontes de Roma são cercadas para evitar que as pessoas pulem dentro. Na Di Trevi, ficam dois guardas que apitam se alguém tentar subir na mureta nem que seja para uma foto. Minhas andanças seguiram pela Piazza Della Rotonda e Pantheon (que é graça para entrar e é onde estão os túmulos do pintor Renascentista Rafael e de alguns reis italianos). Dali, fui para Campo Di Fiori para jantar (massa e vinho numa mesinha do lado de fora do restaurante. Delícia!). Nessa região, tem umas lojas com umas coisas baratas. Depois, segui meu caminho para Trastevere, onde eu estava hospedada. Trastevere é região central, mas do outro lado do rio Tibre (Tevere, em italiano). É um bairro muito legal de ruelas estreitas, com restaurantes e bares, lotado quando o sol se põe. A Piazza di Santa Maria in Trastevere é ótima para um sorvete. Para esses lados da cidade fica Gianicolo, um monte de onde dá para ver todo o centro de Roma, a partir de um belvedere junto à estátua de Giuseppe Garibaldi.
Bom, segundo dia em Roma foi reservado a ir ao Vaticano. Primeira parada, Basílica de São Pedro. Para entrar na igreja é de graça, a fila é grande mas anda rápido. Se você quiser subir na cúpula, paga sete euros para ir com elevador. Mas não se engane: depois dele, ainda terão mais de 320 degraus. Para ir só de escada, paga um pouco menos (cinco euros) mas aí são 551 degraus (para pagar os pecados). A vista lá de cima não é tão espetacular porque o Vaticano fica numa baixada, ou seja, só dá para ver os arredores. Detalhe: para visitar o Vaticano (e qualquer outra igreja da Itália) você deve estar com os ombros cobertos e com calção ou saia que fique abaixo dos joelhos (num lugar onde no verão faz mais de 30ºC!!!). Eu não tinha nenhuma roupa que se enquadrasse nisso a não ser calça jeans. Imagina subir os 320 degraus de calça com mais de 30ºC (quase morri!). E fiquei indignada porque várias mulheres estavam de vestidinho de alcinha e só se cobriam com xale (sempre na frente das igrejas tem ambulantes vendendo xales) para passar pela área de segurança, depois tiravam. E eu morrendo de calor! Mas pensando: Deus deve ter muitas coisas a mais para se preocupar do que com 10cm de pano (sim, porque se você estiver de regata não entra, mas com camiseta que mal e mal cubra os ombros, dá). Well, depois que saí da basílica, contornei os muros e cheguei aos Museus do Vaticano. Para entrar paga-se 15 euros. A Capela Sistina fica lá dentro. Então, o único jeito de vê-la é percorrendo os museus (onde há várias esculturas, quadros e objetos de valor histórico). Dentro da capela, não dá para fazer fotos.
Quase desmaiando de calor, tive que voltar para o hostel para trocar de roupas ao sair do Vaticano. Daí, fui de novo para aquela região para ver o Castel de Sant’Angelo. Construído para ser mausoléu do Imperador Adriano e de sua família, depois virou fortaleza papal. Ganhou esse nome porque durante a peste que assolou a Europa, em 590, conta-se que um anjo apareceu no alto do castelo, desembainhou sua espada, e, então, simplesmente, ninguém mais morreu da doença em Roma. Atualmente, o castelo é um museu.
O meu terceiro dia na cidade foi reservado a conhecer a Roma antiga. Primeira parada: o Coliseu. O anfiteatro de quase dois mil anos é uma das coisas mais incríveis que já vi na vida. Gigantesco e consideravelmente bem conservado. É espetacular andar por ele e pensar que os gladiadores romanos lutaram aí, imaginar as multidões vendo os espetáculos, o imperador sentado no seu posto de honra. Com o ingresso (12 euros), dá para ver também as ruínas do antigo Fórum Romano, que fica ali perto (a área é grande e aberta, ou seja, de novo, passei sufoco ao andar pelo sol lá, mesmo de vestidinho). Depois, ainda dei uma passada pelos Fóruns Imperiais (do outro lado da rua, esses são de graça, mesmo) e pelo monumento a Vittorio Emanuelle II (também conhecido como Altar da Pátria), que é muito lindo. Na volta para Trastevere, ainda fiz umas fotos no Largo de Torre Argentina, onde há umas ruínas de uma antiga área sacra.
Essa foi minha Roma no verão: histórica e quente.



Veja minhas fotos de Roma: https://picasaweb.google.com/101126651209934567449/RomaItalia1213E14092011#

sábado, 10 de setembro de 2011

Kildare Village: outlet shopping

Fui para Kildare neste sábado. É uma vilazinha a uns 50 quilômetros de Dublin, onde há várias outlets de lojas de marcas. Não é tão grande quanto eu pensava e nem tão barato quanto eu achava. Mas olhando bem entre as cerca de 60 lojas, dá para encontrar alguns produtos de grife a um preço camarada.
Dentre as marcas, destaque para Calvin Klein (tem uma de Jeans e outra de Underwear), Hugo Boss, Lacoste, Levi's, Polo Ralph Lauren, Tommy Hilfiger e Nike. Dá para encontrar tênis da Nike por 30 euros ou calças jeans por 25 euros.
Ah, procure o sorvete da Créperie Amélie. É fantástico. O melhor que eu já comi na Irlanda (só tem sorvete ruim nesse país, mas aquele é, surpreendemente, bom).
Saiba como chegar em Kildare aqui: http://www.kildarevillage.com/en/home/home

terça-feira, 6 de setembro de 2011

St Michan's Church e os corpos mumificados naturalmente

Eu sigo na minha busca por lugares ainda não vistos de Dublin. Hoje, fui na St. Michan's Church. Essa igreja é a mais antiga do lado norte de Dublin. Originalmente, foi fundada em 1095. Mas a construção que você encontra agora foi feita em 1685 e renovada em 1825. No interior da igreja, o destaque é um órgão do século 18. Porém, o mais interessante mesmo está nas criptas: corpos mumificados naturalmente.
Pessoas influentes dos séculos 17, 18 e 19 eram enterradas no subsolo da igreja. Há um cemitério aos fundos também. Mas, quem podia pagar mais, garantia um lugar nesse espaço nobre, nas catacumbas. Por causa da baixa umidade, mesmo sem ter sido embalsamados ou preparados para isso, os corpos ficaram mumificados. Alguns caixões estão abertos, então, é possível ver as múmias. Dá para perceber a pele, alguns dedos, a coluna e até alguns órgãos internos dos cadáveres.
Entre as histórias que contam é que Bram Stoker, o autor de Drácula, visitou as criptas quando era pequeno. E essa imagem foi das inspirações para escrever o livro. Realmente, o lugar é um pouco sinistro. Você entra por uma porta de metal na altura do chão e desce para um corredor com diversas salas de pedra. Cada uma é onde estão enterrados diversos corpos.
Para entrar na igreja (que é anglicana e tem missas até hoje, aos domingos) é de graça. Mas só se pode ter acesso à cripta se você pagar. A entrada normal custa 4,5 euros. Estudantes pagam 3,50 euros. Mas, se você estiver num grupo de, no mínimo, seis pessoas, paga 2,5 euros (junte os amigos. Foi o que eu fiz!). O passeio é guiado, mas é bem rapidinho. Você visita só duas dessas criptas. A igreja tem cinco no total.
A Michan's Church fica na Church Street, em Dublin 7 (perto de Four Courts).
Confira algumas fotos da igreja. Ah, essa foto aí de cima eu peguei na internet, porque é proibido fotografar dentro das criptas.
Minhas fotos:
https://picasaweb.google.com/101126651209934567449/Dublin6092011#

domingo, 4 de setembro de 2011

Corrida de cachorros em Dublin

Meu programa da noite de sábado: ver corrida de cachorros. Ahaha. Sim, é verdade. Irlandeses adoram apostar em tudo: rugby, golf, tênis, cavalos, e, claro, em cachorros. Isso porque o jogo é legalizado na Irlanda. Bom, então, lá fui eu, com três corajosos e queridos amigos brasileiros para o Shelbourne Park Stadium (me pareceu que éramos os únicos estrangeiros num estádio lotado).
Na verdade, achei bem divertido. Tentei apostar duas vezes. Na primeira, fui pelo nome do cachorro. Spider Man me pareceu um nome digno. Na segunda, analisei o retrospecto do competidor no livrinho de estatísticas. Smooth Daddy havia ganhado as últimas quatro corridas. Perdi as duas apostas. Meus cachorros chegaram em segundo. Ahah. Mas tudo bem. Fiz a aposta mínima: dois euros por vez.
Funciona assim: tem 12 corridas por noite. Cada uma com seis cachorros galgos (em inglês, a raça se chama greyhound. São aqueles cães magros de patas compridas). Você pode apostar, no mínimo, dois euros por corrida. Se ganhar, você recebe valores que variam de acordo com o retrospecto do cachorro (se for favorito, ganha menos) e de acordo com o número de pessoas que apostaram naquele animal.
Os bichinhos correm atrás de um coelho mecânico numa pista circular. As corridas têm distâncias variáveis, mas que giram em torno dos 500 metros. Os cães percorrem isso em, mais ou menos, 30 segundos. Ou seja, num cálculo rápido, a uns 60 km/h. (Veja o vídeo aí em cima)
Em Dublin, tem dois estádios de corridas. No Shelbourne Park Stadium, em Dublin 4 (perto do canal e do Aviva Stadium), há corridas todas as quartas, quintas e sábados. No Harolds Cross, em Dublin 6, há corridas nas segundas, terças e sextas. O primeiro páreo da noite, normalmente, começa às 20h e o último é às 22h30min.
A entrada geral custa 10 euros. Estudantes pagam cinco. A aposta é de, no mínimo, dois euros. Leve também dinheiro para um hambúrger (o churrasquinho da Irlanda), fish and chips, refrigerante ou cerveja, bem no clima "estádio". Ah, em algumas competições especiais, o preço do ingresso pode subir.
Ah, e lembre de tirar o flash da sua câmera para fazer fotos ou o segurança vai te xingar (ele chamou minha atenção duas vezes, pq minha câmera tava no automático. Ahah)
Confira fotos da corrida: https://picasaweb.google.com/101126651209934567449/Dublin3092011CorridaDeCachorros#

Mais informações sobre as corridas: http://www.igb.ie

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Fotos: as pontes do Rio Liffey

O Rio Liffey corta Dublin. Eu, particularmente, adoro caminhar nas margens do rio. Metade do Centro fica de um lado, e outra metade no outro. Eu moro no lado norte e estudo no lado sul. Por isso, todos os dias, cruzo a ponte Samuel Beckett.
Ao longo da área central, há 15 pontes no Liffey. Eu percorri esse trecho, de cerca de 3,6 km, para fotografar todas as estruturas, tantos as que servem para carros, como as que são somente para pedestres.
A mais antiga é a Liam Mellowes Bridge, de 1768, a mais nova é a Samuel Beckett, do final de 2009.
As duas mais famosas talvez sejam a O'Connell Bridge, por ser a mais central e ponto de referência ("é perto da ponte da O'Connell?"), e a Ha'Penny Bridge (a do foto aí de cima). Essa úlltima é uma ponte de pedestres, branca, que está sempre em cartões postais de Dublin. Na verdade, ela se chama oficialmente Liffey Bridge. Mas ganhou o apelido porque para atravessá-la, desde quando foi construída em 1816 até 1919, tinha que pagar um pedágio de meio penny (half penny, em inglês).
Nas fotos, as pontes aparecem na ordem, desde a região do porto até a Heuston Station.
Espero que gostem.
Para ver as fotos é só clicar aqui: https://picasaweb.google.com/101126651209934567449/Dublin1092011PontesDoLiffey#