Quando se passa por uma nova experiência é normal bater o medo. Quando decidi ir morar fora, na metade do ano passado, estava super segura do que estava fazendo. Os primeiros preparativos, no fim de 2010, foram bem tranqüilos. Agora, faltando dois meses, começou a dar um friozinho na barriga.
Lembro que quando entrevistei a psicóloga Andréa Sebben, especialista em migrações internacionais, para uma matéria sobre brasileiros expatriados a trabalho, ela me disse: “Todo mundo que vai (para fora do país) tem uma série de perdas e ganhos. Quando se parte, tu sabes o que estás perdendo, os amigos, o arroz e feijão, tua cidade, mas não sabe o que está ganhando. As perdas são instantâneas, do dia para a noite, mas o ganho é abstrato e vem com o tempo”. Sinto bem isso agora e já sofro com essa equação, perdas instantâneas e ganhos com o tempo.
Listo meus medos:
- Vou entender o que os irlandeses falam? Compreendo razoavelmente bem o inglês americano nos filmes e nas séries, mas o britânico já me complica. Filme irlandês eu nunca vi (alguém já viu? Ahaha). Aliás, o único irlandês que eu já ouvi falar foi o Bono Vox. Ele, eu entendo, mas que não conta, né? Não deve ter o mínimo sotaque de lá.
Já ouvi tanto gente dizendo que é bem tranqüilo entender o inglês da Irlanda quanto histórias de pessoas que foram para lá e não conseguiam se comunicar por causa do sotaque. Oh, God!
- Vou conseguir me localizar na cidade? Especialmente no primeiro dia. Vou chegar num domingo e na segunda de manhã terei aula.
- Com a crise econômica ainda pegando, será que vou conseguir emprego para me sustentar? Não pretendo ficar rica, mas viver só gastando não rola, definitivamente.
- Vou ter grana suficiente? Possivelmente, meu padrão de vida vai cair. Quando se tem 18 anos, isso não importa, mas quando se caminha para os 30, a pessoa começa a ficar chata. Não abro mão, de jeito nenhum, por exemplo, de fazer algum exercício físico regular. Há seis anos, eu nado duas vezes por semana. Gostaria muito de continuar nadando. Se for o caso, aceito fazer academia (que eu não gosto, mas não posso ficar tanto tempo parada).
- Vou suportar as saudades? Passarei meu aniversário longe dos amigos, da família, do Brasil.
- Vou conseguir voltar ao ritmo de trabalho e escrever textos para o jornal quando voltar, depois de ter ficado quase sete meses fora?
Bom, vou até parar por aqui minha lista para não ficar ainda mais agoniada. Ahaha.
As minhas nóias já estão se refletindo no meu dia-a-dia. Costumo dormir bem, mas, ultimamente, acordo no meio da noite e tenho sonhos estranhos em relação à viagem: perco o voo, chego no aeroporto e tem overbooking, e o mais frequente de todos: perco minhas lentes de contato na viagem e não consigo fazer novas (eu não enxergo nada sem elas).
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