terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sobre batatas e a grande fome

Batatas. A falta delas matou, pelo menos, um milhão e meio de irlandeses em duas diferentes épocas. Esse monumento aí da foto fica na beira do rio Liffey, na Custom House Quay, e lembra o segundo período da grande fome. O Famine Memorial traz as estátuas de pessoas e um cachorro famintos, retirantes.
Bom, mas, vamos explicar melhor essa história de batatas: o vegetal foi trazido para a Irlanda no século 16 e se adaptou muito bem ao país, que tem poucas terras e um solo pobre. Logo, a batata se tornou a principal fonte de alimentação dos irlandeses. Os muito pobres tinham uma dieta baseada quase que exclusivamente nesse legume.
No inverno de 1740, uma grande geada destruiu praticamente toda a plantação de batatas. Cerca de 500 mil pessoas morreram, o que representava um quinto da população à época.
Na metade do século 19, a Grande Fome varreu o país. Esse é considerado um dos acontecimentos mais marcantes da história moderna irlandesa. Em 1845, a Irlanda contava com oito milhões de habitantes, desses, cerca de três milhões comiam apenas batatas. Em 1846, uma praga conhecida como ferrugem devastou as lavouras do legume em diversas partes do país. No ano seguinte, as plantações inteiras da ilha foram arruinadas. As pessoas começaram morrer às centenas. Com tantos cadávares pelas ruas, veio a cólera. Ou se morria de fome, ou da doença. Um milhão de irlandeses morreram, outro um milhão deixaram o país, fugindo da desgraça. A maioria migrou para os EUA. Mas a viagem nos "navios-caixões", como eram apelidados, nem sempre era das mais agradáveis. Muitos morreram no caminho e foram lançados ao mar.
A Irlanda só começou a ser reconstruída a partir de 1850, quando a ferrugem não voltou às plantações. Mas, o decréscimo populacional nunca foi recuperado.
Até hoje, a batata é o acompanhamento principal das refeições irlandesas (assim como o arroz é no Brasil).

domingo, 28 de agosto de 2011

Dublin City Gallery The Hugh Lane

O vento gelado sopra em Dublin há alguns dias. Pelo jeito, o verão já se foi na ilha. Mas, resolvi não lamentar isso e visitar a Dublin City Gallery The Hugh Lane neste domingo. É uma galeria de arte, na Parnell Square (praticamente ao lado do Dublin Writers Museum). O melhor: é de graça!
A galeria não é muito grande, e tem várias partes que estão em reforma ou em preparação para exposição temporária que iniciará em 5 de setembro. Mas, entre os quadros, há Monet, Manet e Degas. Tbm tem duas obras de Jack Butler Yeats (irmão do famoso poeta W.B. Yeats). E algumas peças de arte moderna.
No final do prédio, você encontra o estúdio do artista Francis Bacon. Irlandês de nascimento, Bacon montou seu estúdio em Londres. Após sua morte em 1992, o escritório foi doado à galeria da sua cidade natal. O artista trabalhava em meio a uma bagunça só. Mas dizia que era só assim mesmo, no caos, que conseguia inspiração.
A galeria abre de terça a domingo. Confira os horários: http://www.hughlane.ie/

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Dublin Writers Museum: museu para conhecer a história dos escritores

Eu já tinha postado aqui um vídeo falando que Dublin é a cidade da literatura. Pois, hoje, fui visitar o Dublin Writers Museum, museu que conta a história de escritores irlandeses (dos que já morreram). Em uma casa georgiana na Parnell Square East, o museu traz objetos dos escritores, como máquinas de escrever e óculos, além de edições raras de livros, entre elas, a primeira publicação de Drácula, de Bram Stoker. Organizada em ordem cronológica em dois andares, a visita é acompanhada por audio-guias (ou seja, uma boa oportunidade de treinar o ouvido para o inglês).
A entrada no museu custa € 7,50 a normal e € 6,30 para estudantes.

Ah, se quiserem ver o vídeo que produzi para o blog sobre Dublin ser cidade da literatura é só clicar aí: http://umveraoamaisnavida.blogspot.com/2011/08/video-dublin-cidade-da-literatura.html

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Croke Park, jogos gaélicos e a partida histórica de 2007

Eu fiquei impressionada com o número de torcedores pelas ruas e pubs neste domingo. Era a semi-final de futebol gaélico da GAA (Associação Atlética Gaélica). Mayo versus Kerry (se interessar, o Kerry está na final). Segundo o site da GAA, mais de 50,6 mil pessoas assistiram à partida no Croke Park. Passei na frente do estádio no final do jogo. Era aquele mesmo clima de saída de estádio no Brasil (mais amistoso, diria), crianças, pais, mulheres, churrasquinho (hamburger na grelha, o churrasco para os irlandeses).
O futebol (o que você conhece no Brasil por futebol) não é tão popular assim por aqui. Mas o gaelic football é. O jogo é algo entre o futebol e o rugby, dá para usar os pés e as mãos.
O Croke Park é a casa dos jogos gaélicos. Mas isso tem uma explicação histórica. Ah, primeiro vamos saber o que são jogos gaélicos: além do futebol gaélico, tem o hurling (que se joga num gramado mas com bastões), o handebol, camogie (também com bastões) e rounders (tem bola e bastões. Só não me peça para explicar a diferença de um de outro. Ahah).
Bom, voltando à história do Croke Park ser a casa dos jogos gaélicos. O estádio foi o palco do massacre conhecido como Bloody Sunday, em 1920. (Só para explicar: a música do U2 se refere a outro episódio, que também entrou para história como Bloody Sunday, mas esse foi em 1972, na Irlanda do Norte.) O primeiro ocorreu durante a guerra pela independência da Irlanda. No dia 20 de novembro de 1920, o Exército Republicano Irlandês (IRA) matou 14 britânicos, integrantes da força de inteligência que viviam em Dublin para passar informações sobre a rebelião para o Reino Unido. Em represália, tropas britânicas foram até o Croke Park no dia seguinte, 21 de novembro, um domingo, e abriram fogo contra a multidão que assistia a um jogo de futebol gaélico, matando 14 civis, incluindo dois jogadores e duas crianças, uma de 10 e outra de 11 anos. Esse é um dos episódios mais traumáticos da história irlandesa.
A independência do país veio em 1922. Porém, depois do Bloody Sunday, ficou definido que nenhum jogo originário da Inglaterra seria disputado no Croke Park, incluindo aí futebol e rugby. Esses jogos teriam como casa apenas o Landsdowne Road Stadium. Mas, em 2007, esse estádio foi demolido para que, em seu lugar, fosse construído um novo, com capacidade para mais espectadores e que atendesse a padrões internacionais. Mas aí, veio o grande problema: até que ficasse pronto, onde seriam disputadas as partidas de futebol ou rugby? Um grande debate surgiu na Irlanda em 2005 (dois anos antes da demolição, mas quando já havia o projeto de fazer isso). Muitos defendiam que não havia problema em disputá-las no Croke Park, outros viam isso como um ultraje. Ao final, foi definido que os jogos teriam, sim, como palco o Croke Park durante a reforma do outro estádio. Mas, por um acaso do destino, o primeiro jogo seria uma partida de rubgy justamente entre Inglaterra e Irlanda, marcada para o dia 24 de fevereiro de 2007. Criou-se um clima de apreensão. Muitos esperavam que jogadores ingleses seriam hostilizados ou que haveriam brigas na torcida. Mas, ao contrário, o dia foi de paz. Na hora do hino da Inglaterra, total respeito da torcida. No hino irlandês, muitos jogadores e torcedores choraram. O time inglês era muito superior ao irlandês, mas a Irlanda, surpreendentemente, venceu aquela partida. Para muitos jogadores da Irlanda, foi uma espécie de jogo da vida, ainda que não valesse o campeonato (era uma das partidas do torneio Six Nations). Aí no vídeo acima, confira o momento dos hinos.
Últimas curiosidades: com a inauguração em 2010, o Landsdowne passou a se chamar Aviva Stadium.
O Croke Park, com capacidade para 82,3 mil expectadores, é o terceiro maior da Europa (perde só para o Nou Camp, em Barcelona, e, Wembley, em Londres).

Esse é um vídeo feito pela GAA (associação de jogos gaélicos) para sentir o clima do Croke Park: http://www.youtube.com/watch?v=bCYSflQwc7o

domingo, 21 de agosto de 2011

National Botanic Gardens (ou Jardim Botânico) de Dublin

Fui conhecer o Jardim Botânico de Dublin. Na verdade, não achei muito emocionante, mas dá para aprender algumas coisas. O Botanic Garden foi criado em 1795 e tem mais de 17 mil espécies. Aos domingos, são oferecidos passeios guiados gratuitos, às 12h e às 14h30min. O guia mostra algumas das principais árvores do jardim (a maioria espécies nativas de outros países).
Conheci um sobreiro (esse é o nome em português), cujo tronco é usado na fabricação de rolhas de vinho. Na Europa, ela cresce na Espanha e em Portugal, não na Irlanda, só para deixar claro, mas há um exemplar no jardim. Ao cortar a casca (que é meio esponjosa) para a fabricação de rolhas, a planta demora 15 anos para se regenerar, segundo o guia do jardim.
O Botanic Gardens fica em Dublin 9. Dá para chegar lá de ônibus (os melhores são o 13 e o 19, que param bem na frente do portão). Confira os horários de funcionamento do jardim: http://www.botanicgardens.ie/
Veja algumas fotos que eu fiz: https://picasaweb.google.com/101126651209934567449/Dublin21082011#

sábado, 20 de agosto de 2011

Um lugar: Garden of Remembrance

Um jardim para lembrar aqueles que morreram lutando pela independência da Irlanda. O Garden of Remembrance fica bem no Centro, na Parnell Street East, em Dublin 1 (é ao final da O'Connell, logo na quadra de cima da estátua do Parnell).
É pequeno, com um espelho de água, flores e uma escultura, mas bonitinho. O que conta mesmo é a importância histórica dele. O jardim fica no lugar onde alguns dos líderes do levante de 1916 foram mantidos antes de serem conduzidos para a prisão, a Kilmainham Gaol.  Mas hoje ele é uma homenagem não só àqueles que foram mortos ou executados (no caso dos lideres) naquela ocasião, mas também em, pelo menos, outros quatro levantes anteriores, e ainda na guerra que culminou com a independência da Irlanda em 1922.
Quando a rainha da Inglaterra, Elizabeth II, visitou Dublin em maio, ela esteve no jardim e depositou flores num gesto carregado de simbolismo (afinal, esses irlandeses que o Garden of Remembrance lembra foram mortos exatamente pelos britânicos).
Algumas fotos do Garden of Remembrance e tbm da estátua do James Joyce e do Oscar Wilde (que ficam em outros pontos da cidade): https://picasaweb.google.com/101126651209934567449/Dublin9082011

domingo, 14 de agosto de 2011

Missa católica em português em Dublin

Se você é católico e está sentindo falta de ouvir missa em português, saiba que isso não é um problema em Dublin. Sempre no segundo e no quarto domingo de cada mês, às 16h, tem missa em português na St Michan's Church. A igreja fica na Halston Street, em Dublin 7. Não é longe, é logo ao final da Parnell Street ou da Henry Street, mas pode ser um pouco difícil de achar pq é uma ruazinha. A igreja fica bem em frente a uma pracinha para crianças. A construção é toda em pedra (essa da foto) e não placa com o nome. Ah, tem duas portas, você deve entrar pela porta secundária, não pela principal (se estiver encostada, é só abrir com a maçaneta).
Não sou católica praticamente, mas fui acompanhar a minha colega Ludmila na missa deste domingo. O padre Edson estava estreando. Brasileiro de São Paulo, ele estava morando em Roma, na Itália, e acabou de chegar em Dublin para ficar dois meses aprendendo inglês. No sermão, falou sobre ser estrangeiro. E também, claro, sobre o Dia dos Pais (na Irlanda e no Reino Unido, o Dia dos Pais já passou, foi em junho).
A Ludmila me disse que, outras vezes, o padre era um irlandês ou um japonês que aprenderam português por terem trabalhado no Brasil.
Neste domingo, tinha umas 30 pessoas, a maioria jovem, assistindo à missa. Tem, inclusive, uma moça que canta e outra que toca violão. O grupo também faz atividades como estudos da Bíblia.
Fica a dica para quem é brasileiro e é católico. Mas, claro, sempre é bom também ir para missa em inglês para treinar a língua.  

sábado, 13 de agosto de 2011

Killiney e Dalkey: praia, casa do Bono do U2, etc



Hj, fui com alguns amigos para Killiney, praia no subúrbio de Dublin, entre Dun Laoghaire e Bray. Dá para chegar de ônibus ou de Dart (€ 4,90 o return ticket a partir do Centro). A praia é como as outras em Dublin: com pedras, morros ao fundo, água azul e gelada (mas, claro, os irlandeses tavam lá nadando).
Se vc descer na estação do Dart, entre na lancheria e pegue um mapa para ajudar a se localizar. A maioria das casas de Killiney são de gente com grana. Entre os moradores ilustres estão Bono Vox, vocalista do U2, e a cantora Enya (lembram dela? Sim, ela é irlandesa!!!). Da casa do Bono só dá para ver o portão, claro. Ahah. O portão, o muro, o poste em frente e até a placa com o nome da rua (Vico Road) estão pichadas por fãs. O portão da Enya não está rabiscado, mas vc vai reconhecer pq a construção é um castelo.
Seguindo na mesma rua, está a entrada do Killiney Hill. Dá para ter uma vista linda do Obeslico, o ponto mais alto do parque.
Se vc tiver boa vontade, caminhe até Dalkey, outro subúrbio, a uns 2 km dali. O centrinho é bem bonitinho, parece cenário cenográfico de novela. E tem estação de Dart, dá para voltar para Centro a partir de Dalkey.
Fotos de Killiney e Dalkeyhttps://picasaweb.google.com/101126651209934567449/Dublin13082011

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Vídeo: Dublin, cidade da literatura

Dublin é considerada pela Unesco cidade da literatura, desde 2010. A capital da Irlanda é berço de inúmeros escritores mundialmente famosos: Oscar Wilde, James Joyce, Bram Stoker, Samuel Beckett.
Para se ter uma ideia, três prêmios Nobel de Literatura nasceram aqui.
Nesse vídeo, eu levo vocês para conhecer alguns dos lugares onde esses importantes escritores passaram.

P.S. Se caso o vídeo não rodar aí em cima, esse é o link no You Tube: http://www.youtube.com/watch?v=QPLhacHXJRY&feature=youtube_gdata