domingo, 26 de junho de 2011

Powerscourt House and Gardens

Aproveitando o domingo lindo de sol na Irlanda fui visitar Powerscourt. Fica a uns 20 quilômetros do centro de Dublin, só que lá já é Wicklow County. Mas dá para ir de Dublin Bus (o 44, por 2,3 euros o trecho. Desça no último ponto e caminhe uns 20 minutos até a casa).
Powerscourt foi residência por séculos de famílias abastadas da Irlanda ou novos ricos. O primeiro castelo foi erguido lá no ano 1300 pelos le Poer (Power), por isso, o nome. Hoje, é lugar turístico. Na casa, tem restaurante, café e lojas. Dá para visitar os jardins, que são lindos. Paga-se oito euros para entrar ou sete, se você for estudante. Tem jardins italianos, japoneses, etc. Além de um lago lindo (o Triton Lake), uma torrezinha e até um cemitério de animais onde estão enterrados cães e pôneis que pertenceram às famílias que lá moraram.
O lugar também foi cenário de filmes. Entre eles, uma das versões mais recentes de O Conde de Monte Cristo (2002). A casa é o castelo comprado pelo conde em Paris. Se você viu o filme, reconhecerá logo os jardins, cenário da festa de apresentação do conde.
Fotos: https://picasaweb.google.com/101126651209934567449/PowerscourtIrlanda26062011

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O básico de Paris

Tive que tomar uma decisão difícil para ir para Paris. Eu estava com infecção na garganta e febre, me sentindo muito mal mesmo. Para resolver de verdade, só indo no médico e tomando antibiótico. Mas médico para estrangeiros só particular e caro. E era fim de semana. Eu nem sabia onde procurar. Quem eu conheço, nunca foi ao médico aqui. Se eu não viajasse, iria perder o valor da passagem, pois já tinha feito check-in online e não poderia mudar o bilhete.

Bom, lá fui eu na cara e na coragem. Afinal, eu estaria sozinha em Dublin ou em Paris (embora que em Dublin, pelo menos, eu me viro no inglês. Em francês, só sei as frases mais básicas). Tinha medo de piorar e precisar ficar internada em hospital (como já aconteceu no Brasil quando eu tenho esse tipo de infecção).

Na hora de pegar o voo, na madrugada de segunda, estava me sentindo muito mal mesmo. Não conseguia ficar em pé na fila do embarque e sentia que iria vomitar (o que não aconteceu). Pensei em desistir. Mas, segui em frente. Surpreendentemente, eu até que melhorei chegando em Paris. Um pouco graças às orações da minha mãe, outro tanto pela necessidade de sobrevivência quando se está sozinho numa terra estranha, acho. Mas continuei a sentir a garganta arranhando e falta de ânimo durante quase toda a viagem. Por isso, certamente, meu olhar sobre Paris ficou prejudicado. Achei a cidade bonita, claro. Digna de ser visitada. Mas não consegui ver a tal magia de Paris, de que tanto se fala. Achei uma cidade como qualquer outra na Europa, rica em história, com seus monumentos imponentes e seu rio cortando a cidade. E também com seus problemas urbanos: em todos os pontos turísticos, é irritante a quantidade de mendigos, de gente pedindo dinheiro (vários surdos-mudos – mas os do Louvre, eu os ouvi falando), ambulantes. E todos são insistentes e vão atrás de você. A maioria das linhas do metrô é superlotada (em alguns trens, eu nem consegui entrar, tive que esperar o próximo. Quase sempre, fiquei em pé, espremida). Mas o ticket vale para metrô, trem, ônibus, o que é bem bom (embora que, na chegada, não tenha informações para turistas e tudo esteja escrito só em francês).

Por outro lado, ao contrário do que dizem, encontrei muitos franceses dispostos a dar informação na rua - eu não falando francês e eles não sabendo uma palavra em inglês. Aprendi algumas frases básicas. Entre elas, “eu não falo francês”. Ao dizer isso, a maioria me dizia algo que entendi como: “não tem problema. Eu te ajudo mesmo assim”. Por meio de gestos e por associação de palavras, eu sempre entendia. Bom, pelo menos, consegui chegar aos lugares onde queria ir.

Na maioria dos museus ou restaurantes, você só verá coisas escritas em francês, o que complica um pouco. Mas dá para se virar tranquilamente. Falando em comidas, a França é uma perdição no quesito padarias: pães variados, docinhos lindos. Mas fora isso, não tem tanta comida excelente (a menos que você não se importe em pagar muito). Os famosos macarons são docinhos de suspiro colorido com uma geleinha dentro (ahah), mais bonitos do que gostosos. Procurando delicinhas, vá para ilha de St Louis (é perto de Notre Dame). Tem uma sorveteria ótima (amo sorvete) chamada Berthillon, uma loja de biscoitos avulsos com embalagens vintage (uma graça!), a La Cure Gourmande, e uma queijaria maravilhosa. Enfim, se perca lá. Tem até bijoux de design brasileiro, a Sobral (mas aí você compra no Brasil que é beeeem mais barato. Ahaha). Depois, ande pelo Siena.

Eu fiz aquele basicão de Paris mesmo. Fui no Arco do Triunfo. Mas não vale a pena subir. A única vantagem em relação à Tour Eiffel é conseguir fazer uma foto da torre de lá, mas não cobre os 9,50 euros da subida. Vá só na Torre Eiffel mesmo. A vista de Paris de lá é linda. Ah, tem dois estágios, um até a metade, mais barato, e outro lá no topo. Vale mais o do que meio, que não é cercado por grades e dá para fazer fotos melhores. Lá de cima, com chuva e tempo feio (bem comuns em Paris) fica tudo cinza demais. O tempo em Paris não é tão agradável. Agora já é verão e fiquei sempre de casaco. Chove muito também (tive que comprar um guarda-chuva). Na Torre Eiffel, cuidado com batedores de carteira (tem avisos até no elevador da torre) e evite os ambulantes se não quiser comprar nada. Na Champs-Élysées, tem vários mendigos.

Bom, mas vamos falar das coisas legais. O Louvre. Ah, me apaixonei pelo museu! Enoooorme. Humanamente impossível de percorrer os quatro andares dos três prédios. Fiquei quase sete horas lá (fora a fila, mais de uma hora. Só para a revista). Coleção maravilhosa, completíssima e prédio lindo. Lá estão o Código de Hamurabi (o das aulas de história, lembra?), muita coisa do Egito antigo, a Vênus de Milo e, claro, a Monalisa. Mas o quadro de Leonardo da Vinci, na verdade, é bem pequeno e cercado de turistas. Ah, dá para fazer fotos de tudo, só não pode usar flash. E a entrada é baratinha: dez euros. Impossível não lembrar do filme O Código da Vinci na pirâmide. Ahaha.

Para visitar a nave principal das igrejas não é preciso pagar em Paris (a menos que queira subir na torre ou ver os tesouros). Sacre Coeur, de Montmartre, tem uma vista linda de parte da cidade. Em Notre Dame tem fila de turistas, mas não vi nada de mais. Falando em Notre Dame, na porta, diz que não se pode entrar com mala ou mochila. Eu estava com uma mala, mas vi um monte de gente entrando com bolsas enormes. Fui para fila. Ninguém te para. Os cartazes tbm pedem que não se faça fotos, mas todo mundo faz (em Sacre Coeur não tente ou te pedirão para sair da igreja). No Museu d’Orsay tbm tava lá o cartaz proibindo entrada com malas. Eu entrei com a minha (tem guardador lá dentro). O D’Orsay fica numa antiga estação de trens, super charmosa, e vale se você gosta de impressionistas, como Monet, Manet, Degas e Renoir (mas, claro, tbm tem várias outras coisas. Eu falo dos impressionistas pq gosto muito).

Para terminar, Montmartre (onde fiquei em Paris). É uma vizinhança super charmosa. Lugar do Moulin Rouge (tem filas enormes para os espetáculos) e do Cafe des Deux Moulins, o café do filme Amelie Poulain. Ali na região do Moulin Rouge tbm tem muitas sex shops, casas de shows eróticos e até um museu de erotismo.

Tem uma Paris para cada gosto. A cidade é bem mais do que seus estereótipos.
Fotos de Paris: https://picasaweb.google.com/101126651209934567449/Paris20A23062011

P.S: desci no aeroporto de Beauvais (fica a uns 80 kms de Paris. As cias de baixo custo, como Ryanair, voam para lá). Tem que pegar um ônibus até Porte Maillot, em Paris, que custa 15 euros - ou 30 o return ticket - e leva uma hora e meia. De lá, você pega o metrô, que tem estação ali ao lado).

sábado, 18 de junho de 2011

Viajando sozinho e dicas para facilitar o deslocamento

Eu quase sempre viajo sozinha. Não vejo problemas nisso. Aliás, como já me acostumei, eu até prefiro. Assim, posso ir onde tenho vontade, comer o quero, sem ter que ficar entrando num acordo com outras pessoas. Claro, tem a parte ruim: não ter ninguém ao seu lado para dividir a experiência, não ter com quem conversar nas esperas de aeroportos ou rodoviárias e não ter quem faça fotos suas (ou você fará fotos da paisagem ou autorretratos, basicamente. Claro que dá para pedir para desconhecidos fazerem uma foto sua, mas, normalmente, fica horrível. Ahah).

Eu já viajava sozinha pelo Brasil. Fui para o Nordeste várias nas minhas férias sem companhia. Às vezes, é possível fazer amigos em viagens, em outras, não. Mas sempre vale a pena, se você tem o dinheiro e a vontade de viajar.

Mas ir sozinho também pode ser mais caro. Por exemplo, dividir a comida, normalmente, é mais em conta do que pedir um prato só para uma pessoa. Ou, se você optar por algum passeio e estiver num grupo, pode conseguir desconto. Por isso, é bom você já ter uma ideia do que quer fazer e pesquisar na internet o preço dessas atrações. Isso para se programar na questão financeira e também montar um roteiro para não perder muito tempo quando chegar no lugar.

Colocando o pé no aeroporto, eu sempre procuro o quiosque de informações turísticas para pegar um mapa (se o voo for de madrugada, ainda vai estar fechado). Prefiro andar a pé pela cidade para conhece-la melhor. É claro que quando o lugar é muito grande, deve-se pegar transporte público. Normalmente, em metrópoles, o metrô é a melhor opção. Com um mapa do metrô e da cidade, você consegue chegar em qualquer lugar fácil, fácil, sem nem precisar ficar perguntando.

Na maioria das cidades da Europa é bem seguro viajar, andar pela rua, mesmo à noite. Por aqui, uma mulher sozinha não passa por sufoco, mas é bom sempre ter cuidados, claro. Em alguns lugares, há batedores de carteira, por isso, é bom estar atento aos seus pertences.

Falando em pertences, arrume sua mala só com o necessário. Lembre que você talvez tenha que arrastá-la consigo se o horário de check-in ou check-out de hotéis e de seu voo não coincidirem. Às vezes, o voo chega de madrugada e o check in só pode ser feito depois das 16h. Também tem que pensar em deixar espaço para lembranças ou presentes que comprará na cidade. Já deixe os líquidos e cremes separados num plástico (para viagens internacionais de avião). Se achar conveniente, faça uma listinha do necessário antes de partir para não esquecer nada em casa. E essa lista servirá de base em viagens futuras. Cheque também a eletricidade do local e como são as tomadas (talvez você precisará de um adaptador).

No planejamento da viagem, é legal pesquisar como está o clima naquele lugar. Não só para saber o que colocar na mala, mas também para escolher quando ir. Em certas épocas, chove muito ou faz muito calor em alguns lugares, então, você não conseguirá aproveitar muito o passeio. Por exemplo, Roma é úmida demais em agosto e Sevilha chega a 48ºC no verão.

Arrume as malas e boa viagem.

Barcelona: cosmopolita, terra de Gaudí

Barcelona é Espanha, mas não parece. A cidade é super cosmopolita, internacional. Pelas ruas, você ouve diversos idiomas. E em Barcelona se fala catalão. Nos restaurantes, incluindo fast-foods multinacionais, como Mc Donalds e Subway, o cardápio está escrito em catalão e em inglês. Ou, em alguns lugares em catalão e só. Nada de espanhol. Nos mapas, calle é carrer, plaza é plaça. Quando cheguei no aeroporto, fui ao quiosque de informações turísticas perguntar que ônibus eu pegava para a região central. Fiz a pergunta em espanhol. A atendente me respondeu em inglês (poxa, se eu estou na Espanha e fiz uma pergunta em espanhol, não deveria receber a resposta neste idioma?).
Meu hostal era perto de Las Ramblas, a rua mais famosa da cidade, com suas barraquinhas de souvenirs para turista, restaurante, cafés. Lá no final da via, você chega no porto remodelado, uma região bonita, cheia de opções para comer, e com ar cosmopolita. Por aí, também há várias sorveterias (amo sorvete artesanal! Tomei sorvete todos os dias na Espanha). A maioria delas se chama gelateria (italiano) e não heladeria (espanhol), algo assim, internacional.
Por aquela região, também estão as praias de Barcelona, urbanas, mas bonitas (não espere algo sensacional). Barceloneta é a mais perto do Centro. Tem muita gente jovem e bonita na praia. E topless é prática comum (mas não todo mundo faz). Barcelona não é tão quente. Naqueles dias tava 26ºC, mas quando o sol se escondia atrás das nuvens, ficava meio fresquinho. A água do mar estava gelada para o meu gosto. Então, só molhei o pezinho. Ahaha. Pela praia, você é incomodado o tempo todo por ambulantes, indianos (eles também estão no centro vendendo coisas ou trabalhando no comércio) e seus mojitos e tatuagens de henna e chinesas oferecendo massagem.
De madrugada, indo pegar ônibus para aeroporto para voltar à Sevilha, vi muitos ambulantes oferecendo cerveja e prostitutas pelas Ramblas. Algumas ruas centrais e do bairro gótico tem portas de prédios extremamente pichadas. Esse é o lado feio de Barcelona. Também sempre dizem (mas eu não vi nada) que assaltos a turistas seriam comuns.
Mas, voltando ao lado bom de Barcelona: a cidade vale só pelas obras do arquiteto Gaudí. Simplesmente genial, louco. Passei pelo Palácio Güell, pela Casa Batlló, por La Pedrera, mas entrei só na Sagrada Família. A igreja é algo sensacional, indescritível. Começou a ser construída em 1882 e ainda está em construção até hoje (!!! mais de cem anos depois! e não deve ficar pronta antes de 2030). A saber: Gaudí morreu em 1926, num acidente, atropelado por um bonde. A igreja é cheia de detalhes e significados. Nada está lá por acaso. Uma das fachadas representa os últimos dias da vida de Cristo, a outra, seu nascimento, com inúmeras esculturas. No interior, as colunas são como um bosque (Gaudí buscava inspiração na natureza). Não tem como descrever, melhor você olhar as fotos. Para entrar, tem que esperar na fila por, pelo menos, uma hora. Todas as atrações de Barcelona são super disputadas, a cidade está repleta de turistas.
Fui também no Museu Picasso (com obras de todos os períodos do pintor, que passou boa parte da vida na cidade). Não consegui ir no museu do Miró, nem no estádio do Barcelona ou no Parque Güell (esse também obra de Gaudí). Isso porque essas atrações ficam mais afastadas. Mas já é uma desculpa para voltar a Barcelona.
As fotos de Barcelona (não perca as da Sagrada Família): https://picasaweb.google.com/101126651209934567449/Barcelona12E13062011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sevilha: linda, quente, onde a Espanha é mais Espanha

Sevilha é onde a Espanha é mais Espanha. Quente, colorida, terra de flamenco (região da Andalucía), de touradas, prédios de arquitetura árabe, azulejos... A cidade de 700 mil habitantes é dividida pelo Rio Guadalquivir. Alugar um pedalinho (ou um barco ou uma lancha) é uma boa idéia para ver as pontes e a Torre Del Oro de outro ângulo. Eu fiz esse passeio com a Julieti e o Gledson, meus anfitriões, brasileiros vivendo na cidade (ah, não posso esquecer de citar o Costelinha, o cachorro labrador deles, que me acordava todas as manhãs querendo brincar. Ahah).
Quando estiver caminhando pelo Guadalquivir, não deixe de reparar nos cadeados da ponte de San Telmo, colocados como prova de amor por namorados, que os prendem e jogam a chave no rio. Quando a ponte fica muito cheia, funcionários da prefeitura passam cortando os cadeados.
Nessa época (primavera), os termômetros já chegam aos 37ºC em Sevilha. No verão, bate nos inacreditáveis 48ºC. A siesta, mais do que um costume, se torna uma obrigação. Afinal, ninguém é louco de sair pela ruas com uma temperatura dessas em plena tarde. Mas, para mim que saí de uma Dublin com 12ºC, na média, achei Sevilha o paraíso (ao menos, por agora). Eu preciso de sol para ser feliz.
 Em Sevilha, você deve, obrigatoriamente, visitar a Plaza de España. Simplesmente deslumbrante. Em todo o entorno, azulejos contam passagens da história ou mitologia de cada uma das cidades espanholas. Colorida, viva, linda.
Das atrações tradicionais: a Catedral é destaque. Parte dela ainda é da época em que era mesquita, parte foi refeita para ser católica. Os vitrais são bonitos, mas o interior não tem nada de assombroso. A visita vale pelo túmulo de Cristóvão Colombo. Os restos mortais do descobridor da América estão em Sevilha (embora a República Dominicana jurem que estão lá...). Impossível não lembrar das aulas de história da época do colégio ao mirar o túmulo luxuoso. O filho de Colombo tbm está enterrado na igreja. Outra coisa bacana da Catedral é a Giralda, a torre dos sinos. Você pode subir nela: são 35 andares de rampas (haja fôlego!), mas a vista da cidade lá de cima compensa o esforço.
Ali do ladinho, estão os Reales Alcázares, construções e jardins que nos anos 700 eram lar dos chefes árabes. Depois, com a reconquista da cidade pelos espanhóis, se tornaram residência de reis católicos. A arquitetura é basicamente árabe, mesmo com as reformas promovidas ao longo dos anos. Dá para se sentir uma princesa moura lá ou numa novela da Glória Perez. Ahah.
Para entrar na Catedral, são oito euros. Para o Real Alcázar são 8,50 euros. Atenção: estudantes têm desconto, mas só se tiverem até 25 anos. Ou seja, eu paguei integral. Que discriminação com estudantes velhos! Ahah.
Eu fui de ônibus de Madrid para Sevilha (o jeito mais barato - varia de 15 a 20 euros por trecho), são seis horas de viagem. Ah, na volta, tinham vendido o meu lugar duas vezes e a outra pessoa já tinha chegado. Me fizeram esperar, mas ainda bem que sobrou um lugar, então, eu consegui embarcar nesse assento vazio.
Quem quer conhecer a Espanha tradicional, deve ir para Sevilha.

Madrid: para comer de verdade

Sabe amor à primeira vista? Quando coloquei o pé para fora da estação Ópera do metrô (meu primeiro contato com Madrid ao sair do aeroporto de Barajas), eu soube que estava certa no meu desejo: a Espanha é um país que vale a pena conhecer. Meu hostal ficava bem em frente ao mercado de San Miguel. Lá fui eu andando. Primeiro, uma parada no mercado, óbvio. Eu me perdi entre os sorvetes, tapas, frutas, paellas. Finalmente, comida de verdade! Com gosto (diferente da Irlanda). Vale muito a pena conhecer esse mercado. Não é muito grande, mas lota no fim do dia. De quinta à sabado, fica aberto até 2h da manhã. Nos outros dias, até meia-noite. O San Miguel está bem ao lado da Plaza Mayor, uma das mais famosas da cidade. Também é pertinho da Plaza do Sol, super centro.
Mas, para chegar no hotel, girei, girei, girei. E olha que ele estava bem em frente ao mercado. É que Madrid tem muitas ruazinhas minúsculas, bequinhos, que nem sempre estão nomeados em mapas. Então, se perder na Espanha é muito fácil, mas você sempre se acha depois de rodar por algumas ruas erradas.
É muito fácil se deslocar pela cidade. O metrô funciona tão bem quanto o de Londres, com a vantagem de custar só um euro por viagem.
Na noite, fui levada pelo amigo Marcos, jornalista brasileiro que está morando em Madrid, para um botellón com outros jornalistas latinos que fazem um curso na cidade. A explicar: botellón (ou botellona, em alguns lugares), é como o pessoal chama se reunir para beber cerveja na rua mesmo, comprada nos bares, em mercados ou pelos chineses vendedores ambulantes.
Dia seguinte foi de bater perna pela cidade e ir a dois dos mais importantes museus de Madrid. Primeiro, no Museu Del Prado, que abriga obras de famosos pintores (incluindo, claro, os espanhóis Picasso, Velázquez, Miró, Dali - adoro todos). O Prado é bem grande e pode te tomar algumas horas. A tarifa normal, que dá acesso só ao museu, não a coleções especiais, custa oito euros. Mas há horários em que a entrada é grátis (confira aqui). No Reina Sofia, museu de arte moderna, também tem esse mesmo esquema (confira aqui horários). Ou paga-se seis euros. Eu entrei de graça :). Na coleção do museu está o quadro Guernica, de Picasso, aquele famoso quadro, em preto e branco, sobre a Guerra Civil Espanhola. É um painel enorme e só por ele já vale a visita, mas o Reina Sofia tem ainda instalações e obras muito bacanas de artistas de todos os cantos do mundo. Inclusive, até 3 de outubro, o museu conta com exposição da brasileira Lygia Pape.
Falando em "museu", quem quiser experimentar o famoso presunto ibérico pode ir ao Museo Del Jamón, lancheria e restaurante baratinho com filiais em vários cantos de Madrid. Dá para pedir umas tapas e comer de pé no balcão ou almoçar a partir de 8,10 euros (isso já inclui dois pratos, bebida e sobremesa).
Depois de ir para Sevilha e Barcelona, voltei para Madrid no meu último dia de Espanha. Fui caminhar no Parque Del Retiro e visitei o Palácio Real. O palácio não é mais residência da família real, serve apenas para cerimônias oficiais e visitas turísticas. A entrada simples custa 10 euros e não se pode fotografar o interior. É aquela coisa de todo palácio: muitas salas com decoração neoclássica, rococó e tal, cheio de luxos, lustres e tapetes. A parte mais bacana, na minha opinião, é a Real Almería, onde estão guardadas armas de reis e príncipes. As armaduras são sensacionais, especialmente as do imperador Carlos V (pelos anos 1500). As deles e dos seus cavalos são ricamente decoradas, cheias de detalhes. Tem até uma armadura para cachorros de caça e armaduras para crianças de quatro anos ou sete anos (princípes, que usavam para aparições públicas). 
A capital da Espanha, definitivamente, é um lugar que merece ser visitado. 

Espanha: o lugar onde quero morar

Sempre quis ir para Espanha. Eu fui na última semana. E não me decepcionei. É um país apaixonante. Na verdade, a Espanha lembra muito o Brasil. Gente que fala alto, bronzeada (ao menos, os do centro para o sul), que vai para praia e que dá dois beijinhos no rosto para cumprimentar. Bem diferente dos irlandeses. Outras vantagens sobre a Irlanda: o transporte, a comida (maravilhosa!), quase tudo é mais barato. Em Madrid, o metrô custa só um euro por viagem.
O clima é ótimo: em Madrid e Barcelona, nesta época está na faixa dos 25ºC. Já em Sevillha, no Sul, os termômetros chegam fácil aos 37ºC (e ainda é primavera!). Sou apaixonada por sorvete, e as heladerias estão em cada esquina. As tapas são uma perdição. A Espanha é um daqueles países onde comer no Mc Donalds é pecado mortal, digno de ir direto para o inferno. Ahah. A comida lá é fantástica e deve ser provada. Eu adoro jamón (o presunto deles, que, na verdade, lembra copa do RS). Tbm há mtas opções em bebidas, começando pelas cañas de cerveja ou de vinho. Aliás, várias bebidas típicas utilizam o vinho (mas, na minha singela opinião, eles estragam o vinho misturando com coisas doces, como viño de verano - com suco de limão, viño de naranja - com laranja). A famosa sangria (mistura de vinho, frutas e licores), para mim, lembra aquela bebida politicamente incorreta que eu tomava quando era criança (na Serra gaúcha, os pais costumavam misturar vinho com água e açúcar para dar para os pequenos. Ahah. Eu tomava isso almoçando quando tinha uns quatro, cinco anos. Ahah). Já a granizada (não alcóolica, suco congelado) é um sacolé no copo. Ahaha. Mas, claro, tudo deve ser provado.
Viajei sozinha (como faço quase sempre), mas encontrei alguns amigos queridos que vivem na Espanha. Como falo espanhol, a viagem foi super tranquila. Mas cansativa. Para ficar mais barato, optei por um roteiro meio louco. O trem é muito caro (mais de cem euros por trecho entre cidades). Então, saí de Dublin, voei até Madrid. Depois, fui de ônibus para Sevilha (seis horas de viagem, durante a noite). Mais dois dias, vôo de cia de baixo custo para Barcelona. Então, voltei para Sevilha de avião dois dias depois. E ainda mais seis horas de Sevilha para Madrid de ônibus para voltar para Dublin. Meus pés estavam super  inchados ao chegar em casa.
Com meus dois meses de Irlanda, eu já me acostumei ao trânsito em mão inglesa e sempre olhava para o lado errado ao atravessar a rua na Espanha (os carros seguem no mesmo sentido da via que no Brasil). Ahah. Outra diferença que me chocou, num primeiro momento: comparando com os irlandeses (ou britânicos), os espanhóis são muito mal educados. É questão cultural, claro. Mas na Irlanda e no UK, as pessoas nem te encostam na rua e já estão pedindo desculpas ("sorry, sorry"). Na Espanha, nem pensar pedir desculpas ou por favor.
Cada cidade que visitei, Madrid, Barcelona e Sevilha, merece um post. Acompanhe a seguir.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Espanha

Pessoal, estou arrumando as malas para ir para Espanha. Desembarco em Madrid nesta quarta. Na sequência, visito Sevilha e Barcelona. Quando voltar, na quarta da próxima semana, conto como foi. Já que não vou levar o laptop para ter mais espaço na mala (vou de Ryanair. Ou seja, uma só mala para não pagar taxas). Besos

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Belfast, Irlanda do Norte: um país tentando se encontrar

"Vou para Belfast no final de semana". A "resposta" do meu interlocutor, inevitavelmente, era um franzir de sobrancelhas. "Belfast?". Não se pode chamar a capital da Irlanda do Norte de um destino turístico exatamente. E não está preparada para o ser ainda. Eu e um grupo de outros seis brasileiros (os corajosos que consegui convencer a embarcar nessa aventura comigo) pegamos o ônibus na rodoviária de Dublin às 6h de sábado.
Duas horas num ônibus sem banheiro e com bancos desconfortáveis. A viagem é internacional (a Irlanda do Norte, apesar de estar na mesma ilha, ainda pertence ao Reino Unido), mas ninguém te pede absolutamente nenhum documento nem aqui nem lá. Além do estranhamento do bilhete não ter data nem hora (tem validade de um mês), a rodoviária fica fechada naquela hora da manhã (você tem que pegar o ônibus na rua em frente).
Chegando, fomos deixar nossas malas no hostel e seguimos para pegar o ônibus de uma empresa de turismo para a costa norte do país. Como eu havia reservado por telefone, ficaria por 16 pounds por pessoa (lembre-se que lá a moeda é a libra). Quando eu tentei dar uma nota de 20 para o cara, ele pediu que eu recolhesse o dinheiro de todos do meu grupo. Bom, fiz isso, mas cinco pessoas deram notas de 20 (incluindo eu). Com sono e acreditando na boa fé dos europeus (já esqueci o celular em banco e quando voltei, estava no exato lugar), eu dei o dinheiro para o cara. Ele contou, colocou na máquina registradora (onde já haviam outras notas), me deu os ingressos e disse "Thank you". Quando eu perguntei pelo troco, ele me respondeu: "não tem troco, você me deu o dinheiro certo". Eu insisti que não. Ele bateu boca, disse que eu estava o chamando de ladrão, mas que ele não costumava roubar os clientes. Eu continuei batendo o pé. Ele me mandou entrar no ônibus porque haviam outros clientes para cobrar. Fiquei puta da cara. Se só eu tivesse perdido o dinheiro, tudo bem. Mas, por culpa minha, outras pessoas ficaram no prejuízo. Ainda não superei esse episódio.
Tirando isso, o passeio foi bacana. A costa do país é linda. Com algumas praias de areias que lembram as brasileiras (se não fosse o frio). Fomos aos Giants Causeway, formações basálticas constituídas por lava solidificada há milhões de anos. É considerado patrimônio natural da humanidade pela Unesco. As pedras parecem que foram feitas pela mão do homem (a lenda conta que teria sido um gigante), com formatos hexagonais.
Demos uma passadinha em castelos em ruínas e na Bushmills, a mais antiga destilaria de whisky do mundo, que tem mais de 400 anos (e ainda fabrica a bebida). Por última, fomos na Carrick-a-Rede Ropebrige. Talvez você já tenha visto fotos dela: é uma ponte pênsil entre dois penhascos à beira-mar. Paga-se 4,5 libras para cruzar. Na verdade, você tem que atravessá-la duas vezes, porque um dos lados é uma ilha. Não é tão grande quanto eu imaginava, mas dá medo de olhar o mar lá em baixo (e ainda os meninos brasileiros balançavam a ponte propositalmente). O cenário do entorno é lindo, digno de filme de pirata. Ilha rochosa, cavernas, água em tons de azul e verde.
Chegamos de volta à Belfast naquele sábado por volta de 19h. Absolutamente todo o centro estava morto. Apenas alguns restaurantes abertos. Pouquíssima gente pela rua. Mesmo os pubs pareciam quase vazios. Pela área central, grupos de adolescentes gritando, tentando chamar a atenção. No hostel, encontramos especialmente europeus (e até dois guris da Bósnia) atrás de diversão. Eu não vi nenhuma. Mas um grupo de espanhóis jurou que Belfast tem baladas ótimas. Sei lá...Não consegui dormir. O nosso quarto era para 12 pessoas. Eu fiquei no beliche de cima e a janela na minha direção estava aberta (não pego no sono no claro). Mas para fechá-la só subindo na cama que ficava imediamente em frente à janela (onde um desconhecido dormia).
No dia seguinte, fui a primeira a acordar (? Nem havia dormido). Chovia muito. O pessoal não estava a fim de gastar dinheiro para conhecer Belfast, mas não havia muita alternativa para quem voltaria a Dublin naquela mesma noite a não ser optar por um tour. Particularmente, odeio city tours, mas era a forma mais fácil de nos deslocarmos pela cidade com aquela chuva. Só que o passeio que escolhemos (10,50 pounds para estudantes) era meio confuso. Não tinha paradas oficiais. O guia não dizia se a atração era paga, o que havia exatamente para ver naquele lugar. Se você quisesse parar, puxava a campainha. Chegando no quarteirão onde o Titanic foi construído, apertamos o botão solicitando a parada, sem saber exatamente onde era o ponto. Caminhamos muito até chegar (e eu só reconheci que era ali pq tinha visto na internet). Em frente ao "imenso buraco" onde o navio foi feito, só uma mísera plaquinha. Fiquei imaginando como o navio foi construído e como ele foi lançado na água, mas continuei sem explicação. Tem um café ao lado (a porta é pelo lado de trás, se vc, como eu, achar q o lugar está fechado), onde tem uns painéis que informam alguma coisa sobre aquela época. Mas, as meninas me perguntaram quanto tempo o Titanic levou para ser construído. Eu não consegui ver essa informação em lugar algum. Só o que me chamou a atenção é que naquela época, 1911, a cidade tinha mais habitantes do que agora. Eram mais 370 mil contra os 260 mil. Belfast devia fervilhar naquele então em função do progresso da indústria naval.
Fazia muito frio no domingo. Saímos de uma Dublin de 20ºC na sexta para cair numa Belfast onde saía fumacinha da boca. Eu havia levado casacos (óbvio, vc não vive sem eles na Irlanda) e somente blusas de manga curta. Tive que colocar a camiseta que havia usado no dia anterior por cima daquela que estava usando e ainda o pijama. Sim, andei pelas ruas de uma capital da Europa de pijama o dia todo. Melhor isso do que congelar. Esperamos na rua uns 45min até que passasse o próximo ônibus. Desistimos de descer na St. Annes's Cathedral (Belfast tem igrejas belíssimas) para depois não ter que ficar esperando pelo próximo ônibus tanto tempo no frio). Paramos no St. George's Market, um mercado municipal. Bacaninha, mas bem pequeno. Mais parece um camelódramo. Comemos paella feita por espanhóis. Aliás, você não encontra tanta gente de todos os cantos do mundo (sejam turistas ou imigrantes) em Belfast como em Dublin ou Londres, por exemplo. Mas ali no mercado tinham americanos, indianos, poloneses...
Well, de volta ao ônibus, nossa próxima meta era conhecer a região dos muros de Belfast, que na época dos "Troubles" ("problemas", em inglês - para mim é eufemismo chamar assim), nas décadas de 1970 e 1980, separavam a cidade entre católicos (Nationalists) e protestantes (Loyalists). Esses muros foram construídos a partir de 1969 pelo exército britânico para serem "muros de paz". Eles se estendem por uma área grande (difícil de fazer toda a pé) nos suburbios de Shankill e The Falls. Hoje, são grandes painéis de arte ao ar livre. Fora as pinturas dos muros, há também grandes painéis pintados nas paredes de casas com mensagens de guerra e de paz. Talvez o melhor jeito de conhecer os murais sejam contratando um passeio num táxi preto (aqueles black cabs iguais aos de Londres). O taxista lhe leva para área dos conflitos, explicando o que são. O passeio dura 1h30min e sai por 10 libras por pessoa (se o carro for lotado). Nós não conseguimos aproveitar bem essa área dos muros indo num ônibus de city tour, pq há centenas de lugares numa região grande. Ah, algumas pessoas dizem que esses subúrbios não são muito seguros e que os muros seriam necessários até hoje, não só como simples atração turística (aliás, não vimos muito turistas nem ali), mas não sei é verdade.
Bom, depois paramos na Queen's University (que tem uma arquitetura primorosa) e no Jardim Botânico. Junto aos jardins, fica o Ulster Museum (grátis). O museu é grande, mas só pq reúne diversos "museus", tem uma ala de arte, outra de história natural, moda, história, tudo junto (o que acaba fazendo com que cada coleção não seja tão diversificada).
Bom, queríamos voltar ao bus turístico para fazer nova volta até os muros para poder vê-los melhor. No folder da empresa, dizia que o último ônibus saia às 16h30min neste período do ano. Chegamos ao centro às 16h10min, mas fomos informados que o último havia saído às 16h pq "ainda não é bem verão". Legal, o que nos restava era ir até a rodoviária para voltar a Dublin, já que tudo, tudo mesmo estava fechado no centro. No folheto com os horários dos ônibus dizia que era de hora em hora. Chegando lá descobrimos que não havia às 17h, mas só às 18h. Esperar era o jeito... Mas conseguimos chegar em Dublin, mesmo com a chuva forte que nos acompanhou por quase toda a estrada.
Meu corpo dói hoje. Caminhar muito, carregando uma mochila pesada. Acho que o passeio valeu a pena, mas Belfast é uma cidade estranha. Sei lá se foi uma impressão errada minha, mas essas feridas recentes ainda doem muito e são algo incômodo para o povo, que ainda não conseguiu se encontrar. Os jovens parecem que andam pela cidade sem saber bem para onde ir.
Belfast mescla prédios antigos com outros modernos (mas não de arquitetura surpreendente). O City Hall é um prédio belíssimo. Dizem que é barato comprar coisas em Belfast (não pude ver pq todas as lojas estavam fechadas no domingo. Ah, e como curiosidade, falando em compras: as notas de libras lá são totalmente diferentes daquelas da Inglaterra, mas claro, as inglesas valem).
Ah, e o sotaque... Achei muito difícil de entender. Não é britânico, nem irlandês. De algumas pessoas, eu não entendia quase nada.
Belfast é uma cidade que pela vale pela história, pelo passado, mas que, ao que parece, ainda está buscando um presente e um futuro.

Veja as fotos: https://picasaweb.google.com/101126651209934567449/BelfastECostaDaIrlandaDoNorte04E05062011#

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Here comes the sun

Completo dois meses de Irlanda neste final de semana. O tempo voa aqui. Estou começando a me acostumar com o país. O sol tem ajudado muito. Hoje fez 21ºC, temperatura extraordinária para a Irlanda. Nos últimos dias, a mínima havia ficado em 5ºC e a máxima, em 15ºC. Enquanto todo o resto da Europa já usava chinelos e bermudas, aqui continuávamos de casaco e cachecol. Isso, porque, além da temperatura baixa, o vento é sempre forte e gelado. Hoje, quase não ventou. Deus olhou para esta ilha. O verão chegou (espero que para ficar. Embora que já vi que no domingo deve chover e voltar a ser frio).
Comecei a correr no calçadão às margens do Liffey River na semana passada. Antes, de casaco e cachecol. Hoje, de T-shirt e calça corsário. Isso é a felicidade. Tomar sol para não mofar (não só o corpo, também a alma). A vida parece mais fácil com o céu azul. Acordar, abrir a janela e ver o céu cinza dia após dia me faz depressiva.
Junte-se ao sol outras pequenas coisas: estou descobrindo ingredientes para preparar pratos com gosto similares aos do Brasil. Fiz uma massa à carbonara deliciosa ontem. Sim, porque uma coisa é ser turista e querer experimentar a comida do país (adoro provar o diferente). Outra é todo dia ter que cozinhar com produtos estranhos (mesmo coisas que existem no Brasil tem gosto diferente, adaptado ao paladar dos irlandeses).
Acho que já disse aqui: não conheço nenhum estrangeiro que viva em Dublin e diga que realmente goste da cidade, desde gente que está há quatro anos como quem só tem alguns meses. Não há lugar como aquele em que nascemos. E, sério, o Brasil é o melhor país do mundo. Tem problemas? Óbvio. Mas, o povo, a comida, o clima, as oportunidades, o modo de ser e encarar a vida sãos únicos e maravilhosos por aí.
Mesmo assim, já vislumbro que vou sentir saudades da Irlanda quando colocar os pés no aeroporto Salgado Filho (embora almeje por esse momento). Conviver com gente do Japão, da Coréia, da África, da Índia, mulheres de chador; correr tendo como cenário prédios de 400 anos; ir para Espanha ou para Paris como se fosse simplesmente viajar para uma cidade vizinha: esse tipo de coisa não terei no Brasil.
Já consigo olhar para Dublin e ver um lar. Repetindo uma uma frase que li na Guinness Storehouse "Home is not where you live but where they understand you" (Christian Morgenstern). Eu acrescentaria: lar é onde nos sentimos em paz conosco. E eu estou em paz agora.

Indo para Belfast

A Irlanda do Norte é logo aí, então, é fácil para alguém que em Dublin conhecer o país vizinho. Dá para ir de ônibus ou de trem. Se a sua opção for pegar a estrada, o bus sai da rodoviária, Busáras, de hora em hora. O return ticket (ida e volta) custa 22 euros ou 20,50 euros, se tiver carteirinha de estudante (ah, não tem horário determinado na passagem nem dia. Você vai e volta a hora que quiser. Também não te pedem documento ou nada, mesmo sendo viagem internacional).
Você pode reservar acomodação e passeios no quiosque de informações turísticas da Irlanda do Norte, que fica na Suffolk Street, em Dublin (ali perto da Grafton, no prédio de uma antiga igreja). Reservando, você não precisa pagar nada na hora e ainda tem desconto. As atendentes são bem simpáticas e podem te dar mapas e orientações sobre o que fazer.
Lembre que a Irlanda do Norte pertence ao Reino Unido. Ou seja, a moeda é a libra, não o euro. Troque dinheiro em uma casa de câmbio ou saque num caixa eletrônico lá, se você tiver Visa Travel Money.
Eu e outros brasileiros vamos conhecer os Giants Causeway (formações rochosas junto à praia na costa norte do pais, consideradas patrimônio natural da humanidade pela Unesco) e a Carrick-a-Rede Ropebrigde (uma ponte suspensa entre dois penhascos bem famosa). Reservando com antecedência, o passeio fica por 16 libras por pessoa (se quiser cruzar a ponte tem que pagar mais cinco libras). Isso no sábado. No domingo, vamos circular por Belfast. No roteiro, o lugar onde o Titanic foi construído (sim, o barco foi feito na Irlanda do Norte há exatos 100 anos. Ano que vem, é o centenário do naufrágio) e os painéis pintados nos muros que dividiam a cidade entre católicos e protestantes.
Na segunda, conto como foi.

Informações turísticas sobre a Irlanda do Norte: http://www.discovernorthernireland.com/ ou http://www.gotobelfast.com/
Giants Causeway: http://www.discovernorthernireland.com/Giants-Causeway-Antrim-Northern-Ireland-Bushmills-P2800
Horários de ônibus para Belfast: http://www.buseireann.ie/pdf/1
282311638-1.pdf

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Como viajar pela Europa

Procurando sol, decidi viajar. Parar de me estressar um pouco com o fato de estar desempregada e aproveitar esse tempo livre para conhecer outros lugares. No sábado, embarco para Belfast (Irlanda do Norte) para passar dois dias. Vou com outros cinco brasileiros, mas eu é que organizei a "excursão" (hehe). Na quarta-feira, pego avião para Espanha. Paro em Madrid, depois vou para Sevilha e Barcelona. Quando voltar, embarco para Paris no dia 20. Para Espanha e França, vou sozinha.
Viajar pela Europa não é tão baratinho assim (embora que seja bem mais em conta quando se está aqui do que você sair do Brasil para conhecer cada um desses países), mas procurando bem dá para economizar em várias coisas. A palavra de ordem é: planejamento. Para começar: defina suas prioridades de viagem e cheque sempre os sites das cias aéreas de baixo custo. Os valores das passagens da Ryanair mudam de um dia para outro. Você só conseguirá bons preços se comprar com, pelo menos, um mês de antecedência. Para Paris, por exemplo, consegui tickets por 10 euros o trecho. A volta de Barcelona para Sevilha, ficou por um euro (sim, 1). Ah, mas não pense que esse é o valor final da passagem: a Ryanair sempre tem inúmeras taxas para tudo (por esse preço só dá para levar a bagagem de mão. Se quiser levar outros itens tem que pagar. Há uma taxa para imprimir o seu cartão de embarque, etc. Então, no final, o que eram 20 euros viram 50. Mas as taxas sempre existirão seja a passagem cara ou barata, então, melhor comprar qdo estiver em promoção).
Ainda sobre deslocamentos: se você quiser conhecer outras cidades dentro do país, é importante checar quais são as formas de transporte possíveis, qual o custo e quanto tempo dura a viagem. A Espanha é um país muito grande (para os padrões europeus). Então, ir de trem de Madrid a Barcelona sairia por mais de 130 euros o trecho (muito caro!), mas não tem voos para lá. Então, vou a Sevilha de ônibus (seis horas de viagem, na madruga), depois de avião até Barcelona, volto para Sevilha, e de lá, sigo para Madrid de ônibus. É uma jornada meio puxada. Mas, com mesmo o valor do trem entre duas cidades de um único país, eu poderia sair de Dublin de avião e ir para Espanha várias vezes. Para Belfast, vou de ônibus, que sai por 22 euros (o return ticket, a ida e a volta). De trem, indo e voltando em dias diferentes, o tícket saíria por 55 euros, e chegaria apenas 20 minutos antes do que o ônibus. Ou seja, não compensaria.
Hora de escolher onde ficar: existem vários sites que listam os hosteis disponíveis. É legal conferir o endereço no Google Maps, para ver uma fotinho da rua e ter ideia se é um lugar aprazível e também medir a distância para algum ponto central ou turístico que você queira ir. Isso porque alguns lugares podem ser mais baratos e ficar muito afastados de tudo. Então, você perderá tempo se deslocando (e também gastará com metrô, ônibus, etc). Eu sempre prefiro escolher lugares centrais, onde posso conhecer atrações a pé.
Tenha em mente que algumas cidades são muito caras. Por exemplo, um hostel em Dublin pode sair na faixa de 10 euros por noite. Em Paris, não se encontra por menos de 30 euros (chegando a 45 euros, isso para dividir quarto com até 25 pessoas totalmente estranhas de ambos os sexos). Sempre gosto de dar uma checada em páginas de hoteis baratos. Às vezes, você encontra alguns hoteizinhos familiares ao preço de um hostel e com boa localização (e a vantagem de ter um quarto só para você). Na Espanha, vou ficar em hoteis. Em Paris, em hostel, pq hotéis são caríssimos. Ah, tbm cheque se o lugar oferece café da manhã (se não, será um gasto a mais). Em hostel, leve sua tolha pq eles não oferecem, só alugam (gasto a mais).
Além de procurar em sites de viagens, o legal é falar com amigos que já foram para esses lugares onde você planeja ir. Eles podem dar dicas de como se deslocar, onde ficar ou o que ver.
É interessante montar um roteirinho do que você gostaria de ver e já pesquisar como se pode chegar nesses lugares. Também veja se tem que pagar para entrar nas atrações e reserve uma graninha para isso (em Londres, os principais atrativos são caros. Na faixa dos 30 pounds). E, claro, você ainda terá que comer e, quem sabe, comprar umas lembrancinhas. Mas, planejando dá para fazer tudo.
Se você estiver estudando, veja se prefere reservar um mês de férias para viajar (tipo mochilão, indo de um lugar para outro). Ou se prefere aproveitar quando tiver promoções e ir viajando "aos poucos" (como eu fiz). Só que se essa for sua escolha, você vai perder dias de aula, que não poderão ser recuperados.
Última dica: a melhor mala é uma mochila bem grande. Pesa menos do que se você ficar com uma bolsa em um ombro só. É prático também porque, às vezes, você terá chegará numa cidade bem cedo por causa do horário do voo, mas o check-in só pode ser feito pela tarde em alguns hotéis ou hosteis (em Paris, os hostéis só fazem check-in depois das 16h e meu voo chegará de manhã bem cedinho).

Sites:
Ryanair (cia aérea de baixo custo. Essa costuma ter os voos mais baratos): http://www.ryanair.com/pt
Aer Lingus (cia aérea de baixo custo): http://www.aerlingus.com/home/index.jsp
Easyjet (cia aérea de baixo custo): http://www.easyjet.com/asp/PT/Reservar/index.asp?lang=pt
Pesquisa por qual cia aérea oferece voos mais baratos: http://www.edreams.com/
Pesquisa de hostels (atenção que algumas cobram taxas por você usar o site, normalmente 1,5 euro. Você tbm deve pagar 10% do valor do hostel, ao reservar. Se cancelar, esse valor não será devolvido):
http://www.hostelworld.com/
http://www.hostelbookers.com/?gclid=CNTL2Z-4l6kCFYEc4Qod-xD-uQ
http://www.hihostels.com/
Procura por hotéis baratos (selecione mostrar por ordem de preço): http://www.booking.com/
Horários de ônibus para Belfast: http://www.buseireann.ie/pdf/1282311638-1.pdf
Dicas de viagens: http://www.frommers.com/